quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A mística das facas Bowies

O Coronel que dá nome às Facas


James "Jim" Bowie nasceu no Condado de Logan em 10 de abril de 1796 . Passou toda a adolescência caçando e pescando. Durante a Guerra de 1812, Bowie se juntou a milícia da Louisiana, sob o comando do Coronel Colman Martin, para lutar contra os ingleses em New Orleans.


É impossível determinar exatamente como era a faca de Jim Bowie, 
entretanto historiadores supõem que ela deveria ter mais ou menos este aspecto.


Coronel James "Jim" Bowie, grande combatente do Exército Americano.

A lenda da faca Bowie começou em 1826, quando Bowie sobreviveu a um duelo contra o xerife Norris Wright. Jim saiu ferido e ficou com dificuldade de usar pistolas. Com isso restara-lhe usar uma faca como meio de defesa. Sua lendária faca foi feita pelo ferreiro John Black, e lhe dada de presente por seu Irmão Rezin.



Depois do seu casamento com Ursula Maria de Veramendi, filha do governador do Texas, Bowie ouviu a história da Mina Perdida de Los Almagres, num lugar ao Oeste de San Antonio, próximo as ruínas da missão de Santa Cruz de San Sabá. 

Ele preparou uma expedição para ir dentro do território índio para tentar achar a mina de prata. Durante a exploração, em 2 de novembro de 1830, ele foi atacado por índios. Bowie contou que ele, seu irmão e mais nove companheiros lutaram por cerca de 30 horas contra um grupo de 40 índios. Houve somente uma perda em seu grupo. Em 1832, ele retornou a região com um grupo maior, mas não encontrou nada.

Faca Bowie antiga.

Em julho de 1832 Bowie ouviu em Natchez, que o comandante mexicano de Nacogdoches, Jose de las Piedras, havia determinado que os colonos americanos da região, entregassem suas armas. Os mexicanos permitiam a presença deles em seu território, mas exigiam que seguissem suas leis, surgindo o impasse, pois os americanos não queriam se desfazer de suas armas e de seus escravos negros. Armada a rebelião, Bowie voltou para o Texas e com 3.000 homens armados lutou contra Piedras e marchou em Nacogdoches. Nessa ocasião, a esposa Ursula, o filho e parentes sucumbiram a uma epidemia de Cólera.




Uma típica Bowie Confederada usada na Guerra Civil Americana.



Bowie retornou ao Texas tentando voltar ao negócio de terras, mas em 1835, com Santa Anna acabando com o governo Coahuila-Texas e ordenando a sua prisão e de todos os texanos, ele retornou para San Felipe-Nacogdoches.



Santa Anna começou a preparar um exército para a Guerra. Bowie e William B. Travis buscaram se organizar, tentanto inclusive convencer tribos de índios a lutar contra os mexicanos. Stephen F. Austin foi eleito o comandante do exército de voluntários do Texas em 1835. Bowie foi nomeado Coronel.

Outra Bowie do século XIX.

Depois de algumas batalhas contra os mexicanos, em 1 de Janeiro de 1836 Bowie chegou a Bexar com um destacamento de 30 homens. Bowie logo escolheu a fortificação da Missão Álamo como ponto estratégico. Ali ele se juntou a William Travis e seus homens, além de Davy Crockett. Após o comandante Coronel James C. Neill deixar a missão, Bowie foi escolhido o comandante. Celebrou o feito com tamanha bebedeira, o que o forçou a dividir o comando com Travis.

Retratação da Batalha do Álamo.

O exército mexicano com cerca de 1.500 cavaleiros, chegou em Bexar e em fevereiro ordenou a rendição dos texanos. Bowie se recusou, mas em 24 de fevereiro sofreu um colapso devido a tuberculose avançada, doença que o acometera. Confinado a um quarto, ele permaneceu com o resto dos defensores da missão até 6 de março, quando os mexicanos atacaram. O major Francisco Ruiz identificou seu corpo.

Filme Álamo: recomendo a todos a assistirem. É excelente!

Os Americanos foram massacrados na Batalha do Álamo, entretanto posteriormente o General Houston, um gênio da estratégia militar, conseguiu com suas tropas vencer os Mexicanos. Para que sua vida fosse poupada, o capturado General Santana, líder inimigo, assinou a anexação, cedendo o território que hoje é o Estado Americano do Texas, inicialmente pertencente ao México, aos Estados Unidos da América. Houston, então herói nacional, emprestou seu nome à Capital do então mais novo estado norte-americano.

A estátua do General Sam Houston.

Ainda que não se tenha certeza do aspecto exato da faca do Coronel Bowie, pode-se afirmar sem sombra de dúvidas de que se tratava de uma faca larga, longa, pontuda e com guarda dupla, certamente a maior característica de uma Bowie Knife.





Uma faca feita por mim, bem dentro das características da lendária Bowie.



Atualmente nos Estados Unidos, maior mercado mundial de cutelaria custom, a faca ao estilo da de Jim Bowie é tipicamente uma faca nacional, uma faca nativa. Hoje dizer Bowie por lá, é sinônimo de faca, qualquer que seja o estilo, mais ou menos como a marca Xerox emprestou seu nome à qualquer fotocópia.

Um tal John Rambo


É inegável a influência de Hollywood no imaginário de todos nós, especialmente os homens. Nossa geração cresceu vendo as façanhas do rebelde Soldado John Rambo, em várias edições de filmes fantásticos, que sozinho eliminava centenas de inimigos, às vezes usando sua lendária faca.

Sylvester Stallone interpretando Rambo.

Os produtores do filme encomendaram uma peça especialmente produzida para as filmagens, que traduzisse as características de Rambo, força, potência....agressividade. Gil Hibben foi o cuteleiro escolhido e produziu uma das facas mais famosas de todos os tempos.

A primeira - First Blood Knife.

First Blood II, a faca do segundo filme. Uma versão com a lâmina negra.

Para o terceiro filme da série, resolveram criar uma versão mais arrojada da faca.


A terceira Rambo.

O criador de uma das facas e o criador da mística: Gill Hibben,
cuteleiro que produziu a faca do 3º filme da série
e John Rambo (Sylvester Stallone).

Alguns grandes artistas do Brasil afirmam ter sido influenciado pelos filmes para optarem por suas carreiras como cuteleiros, dentre eles Rodrigo Sfreddo, que foi assumidamente um adolescente fascinado pelas ações intrépidas de John Rambo.

Uma das minhas grandes, com guarda em S.

Eu, como cuteleiro e motociclista, faço uma análise figurativa das facas Bowies comparando-as com as motocicletas Harley Davidson. Essa famosa marca de motos permite uma infinidade de variações de customizações diferentes, algumas originalmente únicas, para atender ao gosto de seu feliz proprietário.

O marfim de mamute e o damasco exprime 
o alto luxo de uma peça única e exclusiva.

As Bowies também são assim. Sua estrutura construtiva permite infinitas combinações de tipos, designs e tamanhos diferentes de lâminas, guardas, espaçadores, cabos e pomos, fazendo delas, além do sonho dos colecionadores, uma excepcional oportunidade do cuteleiro expressar a sua arte.



É difícil dizer qual é o segredo que torna uma Bowie tão atraente. Talvez suas curvas sensuais que lembram o corpo de uma bela mulher, ou quem sabe a imponência de sua guarda dupla, que remonta ao visual poderoso e agressivo das espadas medievais....não sei!

O que sei é que ninguém resiste à uma bela Faca Bowie!!!





"Os preceitos do Senhor são justos,
e dão alegria ao coração. 
Os mandamentos do Senhor 
são límpidos, 
e trazem luz aos olhos."

 Salmos 19:8



O lixo que nos contamina o interior (Caio Fábio)


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22 comentários:

  1. Uma grande aula de história e cutelaria! Parabéns!

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  2. Meu objetivo, além é claro o de divulgar o meu trabalho, é o de propagar conhecimento técnico sobre nossa arte. No Brasil praticamente inexiste material bibliográfico à respeito, exceto raras exceções. Isso é responsabilidade nossa, como cuteleiros. Mais uma vez muito obrigado!

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  3. PARABÉNS CAPITÃO... O CONHECIMENTO É UMA ARTE, E DEVE SER DISCEMINADO... ABRAX

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  4. Que bacana Berardo, parabéns, forte abra,co!

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  5. Essa Faca é linda, é a faca do personagem vilão "Governador" de TWD !!!

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  6. Oi Irmão! Parabéns pelo blog, ficou muito legal. Só agora pude dar uma olhada, pois finalmente voltou a minha internet em casa.
    Abração!

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    1. Olá Muka, muito obrigado Irmão, fico honrado com sua visita e com seus comentários. Agradeço por tudo o que você me ensinou. Forte abraço!

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  7. Parabéns Capitão, bela matéria. Forte abraço.

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  8. Parabéns pelo texto, uma verdadeira aula.

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  9. Belo Artigo, e realmente, ninguém resiste a uma bela faca bowie!!!

    Parabéns Berardo!!!

    Um Abração do Kenji!!!

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  10. Ola Berardo. Belo texto.
    Na minha opinião a faca com o estilo Bowei é o desenho mais elegante de uma faca. Em uma mesa numa feira, com vários tipos de faca, a faca Bowie sempre salta aos meus olhos.

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  11. Acho muito legal vc publicar a histori da cutelaria em seu blog ..

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  12. Fico babando por essas facas..coisa linda de ver.

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  13. Muito boa matéria, porém há um engano quanto ao cuteleiro chamado para fazer as facas dos filmes do Rambo. Foi Jimmy Lille quem fez as facas dos dois primeiros filmes. Gill Hibben executou apenas a do terceiro.

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    1. Muito obrigado pela ajuda Ricardo. Vou retificar. Forte abraço!

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  14. Parabéns Berardo, valeu mesmo essa sua busca pela digamos origem desse modelo de faça tão admirado e querido por todos nos amante da cutelaria!!!

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  15. Admiro seu trabalho, espero chegar nesse padrão de humildade e excelência profissional. Muito obrigado por dedicar parte do seu tempo na didática da cutelaria, Eterno professor Berardo.

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  16. Pabens ao professor gosto muito e aprendo muito com seus videos no youtube .

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  17. Olá!

    Peço que me permita uma pequena correção.

    Como filho dos anos 80 que sou, vivi a moda das facas de cabo oco, decorrente dos dois primeiros filmes do Rambo.

    Nestas duas primeiras produções, as facas foram projetadas por Jimmy Lile. Gil Hibben projetou a Bowie do terceiro filme e também aquela com aspecto de cutelo, usada em Rambo IV.

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  18. bom dia, sou dorival alvarenga de campo grande ms parabems por nos mostrar o seu talento ´,faço algumas facas nas horas de folga geralmente de foices antigas estou aprendendo muito atraves dos seus videos obrigado

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