terça-feira, 16 de julho de 2013

Por quê o colecionismo de facas é um grande barato



Uma Paixão Ancestral:

Dizem os estudiosos, os antropólogos e os amantes de lâminas que a primeira ferramenta que o homem criou foi uma faca. Sinceramente nunca li nem pesquisei nada à respeito, mas entendo como ponto pacífico que o homem primitivo não conseguiria caçar, preparar seus alimentos, se defender contra animais e inimigos, construir abrigos nem produzir suas vestimentas sem ter uma lâmina às mãos. A vida lhe seria impossível!

Réplicas de facas da Era da Pedra,
confeccionadas de pedra lascada (silex).

Certamente daí venha o nosso fascínio por ter, colecionar e carregar sempre conosco uma lâmina. É uma necessidade, nem sempre explicável, que remonta ao nosso mais longínquo ancestral.

Assim como está provado cientificamente que os homens tem muito mais capacidade de localização num determinado terreno, de memorizar caminhos e se recordar de direções, herdadas de nossos antepassados homens que deslocavam-se longas distâncias em busca de caça, enquanto suas mulheres ficavam cuidando da prole, também nos é inerente e remoto o desejo de ter e portar uma faca.

Facas submetidas e aprovadas no Teste de Certificação ao
Título de Maestro Coltellinaio (Mestre Cuteleiro)
na Feira de Cutelaria de Milão -Itália, em novembro de 2009.


O certo é que, para os amantes de lâminas, ter uma faca bem afiada e de fácil acesso por perto é nos traz muita segurança, sob o aspecto emocional. Ter à mão, uma boa faquinha ou um bom canivete já deve ter salvado a pele de muita gente!


Coleção de Facas de Caça Comemorativas dos meus
7 anos de carreira na cutelaria, que fiz para um grande cliente.


Jerry Fisk, provavelmente o cuteleiro mais famoso do mundo, Mastermith da American Bladesmith Society, o maior incentivador da fundação da Sociedade Brasileira dos Cuteleiros e entitulado Tesouro Nacional Vivo dos Estados Unidos da América, diz solenemente:

"- Todo homem gosta de facas! Ele pode até não saber disso, mas gosta!"

O simpatissíssimo Mestre Jerry Fisk e o
cuteleiro gaúcho Daniel Jobim,
que escaparam por pouco de serem esfaqueados por mim!
Eliminando a concorrência!!!

É obvio que hoje não disputamos o alimento com tribos rivais, nem precisamos proteger nossas cavernas de um Tigre de Dentes de Sabre. É mais provável que a faca nos ajude a abrir uma encomenda que acabou de chegar pelo correio, ou mesmo uma garrafa de bom vinho a ser degustada em boa companhia, excetuando-se as atividades de campo como caça, pesca e camping.

 
Como sempre aconteceu: 
os mais jovens aprendendo a usar suas facas com os mais velhos.

Mas a companhia de uma faca não se restringe somente a missões "menos nobres" como estas. Nos meus quase 21 anos de trabalho como Oficial na Polícia Militar do Estado de São Paulo, conheço casos de vidas que foram salvas pois o Policial carregava consigo uma boa lâmina.

Já soube de vários casos REAIS de salvamentos de vítimas em desacordadas veículos incendiados onde o Policial Militar socorrista não conseguia alcançar o botão de desconecção do cinto de segurança e, tendo sua fiel faquinha às mãos, cortou facilmente o cinto e salvou a vida da vítima que, caso contrário, seria terrivelmente consumida pelas chamas. 



Também conheço 2 casos, que presenciei como Comandante de Força de Patrulha, de vítimas suicídas mediante enforcamento, que foram salvas porque os policiais da Rádiopatrulha tinham uma faca à mão. Não pensem vocês que é possivel sustentar um homem de 80 kg, pendurado pelo pescoço numa viga do madeiramento do telhado de uma casa, desacordado, por muito tempo. É impossível. Em ambos os casos, as cordas foram cortadas e as vítimas foram ressucitadas sem sequelas à saúde.


Ademais, vamos e convenhamos, pelo menos nós homens, não há nada mais viril que um homem com uma faca nas mãos. Talvez nossas mulheres não entendam bem essa louca paixão por coisas que cortam, pois suas ancestrais mulheres não usavam tanto as facas como usavam os homens, mas no inconsciente feminino, um homem com uma faca na mão é um homem de verdade. Que me desculpem os metrossexuais e os mais delicados, mas eu cresci assistindo Daniel Boone, Conan o Bárbaro e John Rambo!!!

 O ator Fess Parker que interpretou Daniel Boone
 e em tv em preto e branco, durante a década de 70,
fez aguçar meu gosto por facas e por atividades no campo.
Nas mãos o mosquete, na cintura o revólver e na bota direita a faca.


Acho que ganhei minha primeira faca por volta dos 6 anos de idade. Meu pai era pescador dos bons e durante toda a vida fazia 2 grandes pescarias por ano em lugares como Pantanal, Xingú, etc. Assim, cresci no mato e com uma faca nas mãos.

No meu aniversário de 10 anos de idade, ganhei de presente uma grande faca Tramontina, com na época para mim, imensas 10 polegadas de lâmina, a qual ficava admirando por horas à fio.

Um dia, no quarto do meus pais, sentado em sua cama e com minha bela facona nas mãos, deixei-a cair, que parou fincada no peito do meu pé direito, ao que fiquei gritando como um louco até que meu pai saísse do banheiro e a tirasse do meu pé. Até hoje ostento com orgulho e saudosismo uma bela cicatriz no pé direito!

Acho que, assim como eu, todos os amantes de facas tem belas lembranças e histórias de infância.

Facas custom são BARATA$!!!

Provavelmente à essa altura do artigo, meus fieis leitores devem estar achando que enfrentar os tigres de dentes de sabre fizeram mal para a minha cabeça!!! Mas se me derem a oportunidade de explanar com calma e usar as comparações corretas, vou provar à vocês!

Quero usar dois modelos comparativos.

Vamos usar como referência minha faca de menor preço, uma faca de caça com 4 polegadas de lâmina em aço damasco e cabo de madeira importada. Vou considerar valores médios, apenas para termos uma referência.

Custo de produção em média (insumos):

  • Botijão de gaz: R$ 40,00
  • Aços: R$ 20,00
  • Tetra Borato de Sódio: R$ 1,00
  • Energia elétrica (todo o processo): R$ 20,00
  • Disco de desbaste: R$ 5,00
  • Disco de corte: R$ 1,00
  • Óleo de têmpera: R$ 1,00
  • Material do cabo: em média US$ 60,00 + U$ 15,00 (frete) + 6,3 % de IOF sobre produtos importados) totalizando: R$188,00
  • Água: R$ 1,00
  • Detergente: R$ 1,00
  • Percloreto Férrico: R$ 1,00
  • Fosfato de Manganês: R$ 2,00
  • Base de unha: R$ 1,00
  • Acetona: R$ 1,00
  • Algodão: R$ 1,00
  • Álcool: R$ 1,00
  • Cola epóxi: R$ 12,00
  • Lixas de cinta: R$ 20,00 
  • Limas: R$ 2,00
  • Lixas manuais: R$ 2,00
  • Couro: 2,00
  • Cola para couro: R$ 1,00
  • Linha para costura: R$ 1,00
  • Tinta para tingimento da bainha: R$ 1,00
  • Graxa para couro: R$ 1,00
  • Óleo lubrificante: R$ 1,00
  • Embalagem: R$ 1,00
  • Combustível (pra comprar tudo e por a faca no correio): R$ 8,00
  • Internet: R$ 1,00
  • Total: R$ 350,00

Tudo isso considerando a possibilidade de eu acertar todos os infindáveis processos na primeira tentativa sem ter que repeti-los. 

Não foram computados os custos das máquinas e ferramentas de que disponho para confeccionar as facas, mas que na realidade entram nos meus custos, afinal tive que investir nisto para conseguir produzi-las!

Pois bem, gastamos cerca de R$ 350,00 para produzir nossa faca de caça. Em tese o valor restante (R$ 1150,00) seria referente à mão-de-obra.

Mão-de-obra (horas trabalhadas):

Já calculei o tempo de produção que gasto para confeccionar uma faca dessas. Vamos lá:

  • Horas trabalhadas para confeccionar a faca completa (deste modelo): 16 horas;
  • Bainha: 3 horas;
  • Fotografia e internet: 1 hora;
  • Postagem no correio: 1/2 hora;
  • Total: 20,5 horas trabalhadas.

Fazendo uma conta rápida, vamos constatar que a minha hora trabalhada custa R$ 56,10.

Esse é mais ou menos o mesmo valor da hora trabalhada de um torneiro mecânico, sendo certo que em grandes cidades o valor recebido é bem maior.

Se considerarmos que em todo o país não existem, ESTIMANDO MUITO EXAGERADAMENTE 50 profissionais com conhecimento técnico para realizar um trabalho no mesmo nível e que (sem qualquer demérito aos torneiros mecânicos - longe disso!!!) no mesmo país existam milhões de torneiros mecânicos, chegamos à feliz constatação que as facas custom produzidas manualmente são REALMENTE BARATA$!

A especialização não vale nada??? Claro que vale!!!

E a exclusividade do produto? Afinal, cada faca feita à mão é absolutamente única e exclusiva!

Depois de botar "o preto no branco" e de "matar a cobra e mostrar o pau", suponho que eu tenha conseguido convencer até o mais teimoso dos argumentadores, de que facas feitas à mão são monetariamente baratas!!!

Facas custom são um bom INVE$TIMENTO!!!

Nos Estados Unidos da América, maior mercado de facas custom do mundo, existem vários investidores que destinam seus dólares na compra e revenda de facas. 

Eu já vendi várias peças para um colecionador, cuja coleção, segundo consta, ultrapassa em muito 1 Milhão de Dólares. Todas elas foram por ele revendidas, rendendo-lhe um grande lucro.

Por exemplo: Vendi-lhe uma espada, com 80 centímetros de comprimento, em aço damasco, de construção integral, com cabo de marfim de mamute por US$ 4000,00. Exatas 3 semanas depois ele a leiloou pelo valor inicial de US$ 6.000,00. Infelizmente não tenho como saber por qual valor foi arrematada.

Muitos poderiam pensar que neste negócio eu estaria perdendo dinheiro, mas para mim, como profissional isso é ótimo, pois o colecionador sabe que investir em peças confeccionadas por mim dão bom retorno, bem como esse circular das peças pelas mãos de várias pessoas divulgam e valorizam o trabalho.

Isso acontece com todos os bons artistas, que conduzem suas carreiras com seriedade.

A espada integral vendida para os Estados Unidos.

A bola de aço damasco esculpida à lima.

O encaixe perfeito das talas de marfim de mamute
no chassi integral de aço damasco.

Artistas com futuro promissor e especialmente os já consagrados são lucro certo para quem quer ganhar algum dinheiro e se divertir com um hobby empolgante e saudável. Facas de cuteleiros renomados somente valorizam com o tempo e à medida que estes artistas vão evoluindo sua execução técnica. 

Pode-se comprar algumas boas peças, divertir-se com isso e depois de algum tempo, revendê-las por maior preço.

Facas custom são quase eternas:

Quanto dura uma faca? Até agora, pelo que sei, a lâmina mais antiga e perfeitamente preservada já encontrada foi a espada do Faraó Egípcio Tutankhamon, que data de 1350 A.C.


A King Tut.

Espadas japonesas de mais de 700 anos, estão perfeitamente preservadas em museus do Japão e da Inglaterra. Em estado absolutamente igual ao que estavam quando foram confeccionadas.


Katana japonesa.

Dizem que os diamantes são eternos, mas sinceramente eu acho que nem eles. A questão é que, se utilizadas adequadamente, bem cuidadas e acondicionadas, facas feitas a mão podem durar muitas décadas, séculos ou, quem sabe milênios.

Já conversei com alguns colecionadores que me disseram que um dos grandes baratos de seu hobby é o de pegar uma bebida, fazer manutenção em suas facas e admirá-las, falando sobre elas com algum amigo.

Uma bela coleção de facas custom.

Um excelente tênis de corrida, produzidos aos milhares/hora por uma máquina, custa hoje cerca de R$ 1500,00 e para uma pessoa que o utilize com regular frequência, ele durará cerca de 6 meses, até que comece a lesionar o corredor devido à pisada torta. 

Já uma faca feita à mão, uma peça de arte, única e exclusiva, de mesmo preço, confeccionada sob medida de um artista para um determinado cliente e que tem garantia vitalícia sobre eventuais problemas advindos da confecção, pode durar várias gerações de uma mesma família.

Um belo legado para nossos filhos!


Para receber emails de Facas Disponíveis, 
Vídeos, Artigos e Informativos sobre Eventos, 
cadastre-se, enviando email para:

e.berardoknives@gmail.com

Contato:
Email: e.berardoknives@gmail.com
Celular: (17) 99727-0246
Telefone Fixo: (17) 3525-2595

32 comentários:

  1. Obrigado por criar este artigo espetacular! É de extrema importância para todos na cutelaria. Muitas vezes é dificil parar e quantizar todas os nossos gastos na confecção de uma faca e mostrar ao cliente o verdadeiro "custo" de cada peça!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado meu Pequeno Gafanhoto, é uma honra pra mim tê-lo como orientando. Achei que o artigo mostrou bem uma realidade que poucos conhecem e não sabem valorar. Divulgue o máximo que puder, pois ele é bom para toda a nossa cutelaria!

      Excluir
  2. maravilha de texto berardo, pela primeira vez me propus a dar um "curso" e estou com dois alunos aqui na oficina, hoje, enquanto faziam o acabamento da faca após a tempera eu propus pra eles a seguinte reflexão: "após todo o trabalho que vcs tiveram, e prevendo o que ainda terão para terminar esta pequena hunter, qt custaria uma faca destas? vcs aceitariam vender por quanto?" não houve resposta, houve uma concordância silenciosa de que qqr valor que custe uma faca com o carinho e cuidado com que deve ser feita uma faca com determinados padrões é barato.
    parabéns e obrigado pelo texto.
    beijo seu lindo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado Tom. Que bom vê-lo ensinando, pois nossa arte se perpetua assim, de geração em geração, via tradição oral, com o mais experiente ensinando aos mais novos. Parabéns. Achei que o artigo expôs um ponto de vista que poucos tem, mas que esclarece a realidade e dá a real valoração às coisas. Forte abraço. TE AMO LINDÃO!

      Excluir
  3. Berardo, sem dúvida este artigo é um "achado". Vc quantificou objetivamente algo muito difícil de ser relacionado e descrito. Excelente artigo. Vou guardá-lo, pensar a respeito e tê-lo como argumento pra futuras conversas. Muito Obrigado.
    Serapião.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É isso aí Serapa, produzir consciência e educar nosso público é responsabilidade nossa, dos cuteleiros. Divulgue o artigo pois ele é benéfico à todos nós amantes de lâminas!

      Excluir
  4. mais uma vez amigo Berardo, excelente texto, de leitura simples e elucidativa uma ótima referência.

    meu forte abraço

    Celso

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Feliz que tenha realmente gostado Celso. Vamos divulgá-lo pois é excelente para educar nosso público!

      Excluir
  5. Muitíssimo bom artigo.
    Suas facas são realmente obras de arte e sinto-me feliz e honrado por ter algumas lindas criações suas.
    Parabéns e continue evoluindo.
    Ney

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muitíssimo obrigado Stone. É bom tê-lo como cliente fiel que sempre acompanha e prestigia meu trabalho! Abração!

      Excluir
  6. Muito bom meu caro Berardo, já estou compartilhando.
    Abração,

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu tinha certeza que você gostaria. Fico feliz. Beijão!

      Excluir
  7. Eu e a torcida afiada!!!
    Creio que assim como eu, muita gente já fica esperando pelas suas postagens.
    Abração,

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida, a cada artigo que eu escrevo e tenho esse feedback maravilhoso, já fico doido e pensando em mais coisas legais pra escrever. Muito obrigado e um beijão!

      Excluir
  8. Texto muito bom, realmente o brasileiro tem mania de comparar coisas diferentes pelos mesmos critérios.

    Tem gente que não paga 700 reais em uma faca custom bem acabada mas paga feliz 2 mil em uma pistola Taurus mal feita(em série) que vai ter que passar por um armeiro para ficar confiável, vai entender.

    Muito interessante sua conta e concordamos totalmente quanto à paixão pelas lâminas e suas origens ancestrais.

    Obs: Cheguei aqui através do Serapião.

    Um abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Andre. Muitíssimo bem observada a questão das armas Taurus. Trabalho com duas delas, uma pistola e uma submetralhadora, bem caras e nada confiáveis. Mesmo assim por questões políticas somos obrigados à usalas porque são produzidas no Brasil. Tenho ciência de inúmeros incidentes por falha da arma.
      Forte abraço e continue prestigiando meu trabalho. É uma grande honra pra mim tê-lo por aqui.
      Obs: o Serapa é meu irmão do coração, amigo fiel.
      Abração!

      Excluir
  9. Olá Berardo
    Concordo em gênero, número e grau com o que você acabou de externar. Penso que muitos de nós tem este pensamento, mas não tivemos a felicidade que você teve de expressar com tamanha fidelidade.
    Eu mudaria o ditado que você escreveu para "MATAR A COBRA E MOSTRAR A COBRA MORTA", o pau não garante a morte do ofídio.
    Grande abraço e parabéns pelo artigo.
    Gerson Bragagnoli

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rapaz, acho que você é um filósofo popular e que esse ditado deve ser inserido na cultura popular brasileira! Eu nunca havia pensado sobre a cobre defunta!!!
      Abraços e muito obrigado!

      Excluir
  10. Prezado Berardo,
    Sob o ponto de vista prático, mercadológico e econômico, seu artigo é irretocável. Mas vou além: O que você, além de outros poucos, faz, é arte. Sua obra extrapola a utilidade da ferramenta. Suas peças são a manifestação da sua expressão individual. Uma boa faca comercial equivale em quase tudo a uma faca dita "custom" e dura tanto quanto esta. O que as difere não é a técnica. Não há, ao meu ver, diferença entre uma escultura figurativa e uma faca sua, ambas buscam impressionar, transmitir sensação, comunicar através da obra a visão do criador sempre atento à estética. Você e alguns poucos seus colegas da cutelaria artesanal brasileira devem ter em mente que são artistas, facas são tão somente o objeto que usam para difundir a sua arte. Cobrem o que entenderem que recompensa a sua dedicação e a exclusividade das suas obras. O preço do aço tem pouco a ver com isso.
    Parabéns pelo seu trabalho e pela profundidade do seu conhecimento.
    Orlando Soares, Rio de Janeiro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Orlando, sinceramente pouquíssimas vezes em meus 8 anos e meio de carreira na cutelaria tive meu trabalho tão digna e respeitosamente tratado como por você nesta postagem. Sinceramente li e reli várias vezes e me senti muito lisonjeado e valorizado pelo que você escreveu. Não sou uma pessoa nem um profissional com ego hipertrofiado e me esforço para manter-me humilde e sereno quanto ao que sei e ao que não sei. Mas ser tratado como artista realmente é marcante e recompensador. Forte abraço e muito obrigado por sua consideração.

      Excluir
  11. Capitão Du!

    Deixei pra ler o artigo com a calma e atenção que vc merece.
    O tema me é especialmente interessante,pois sou colecionador faz muito tempo.
    Já faz muito tempo que facas para mim são investimento.
    Não compro nada que não tenha liquidez num momento de necessidade,ou mesmo na hora de vender a peça "A" para adquirir a peça "B".
    E sou testemunha de que num momento de aperto as facas me salvaram,tanto em termos de segurança pessoal quanto de necessidade financeira.
    Seu artigo é recheado de lucidez do início ao fim.
    Parabéns,amigo Bera!
    Um abraço!
    Roberto Vianna

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Beto, ter esse aval de um chef e colecionador como você é como tirar 10 na tese de fim de curso. Bom que você, como colecionador e usuário, ateste e confirme minhas assertivas. Agradeço por suas fiéis participações e por dispor de seu tempo prestigiando a todos com suas brilhantes colocações. Forte abraço!

      Excluir
  12. Oi Irmão! Muito bom o texto, como sempre! Creio que todos deviam ler, pois os pontos são muito bem colocados. Complementando o que o Tom disse, sempre digo que todos os colecionadores deveriam fazer um curso de cutelaria, pois ao final do curso, os alunos sempre dizem que não venderiam as facas deles nem pelo dobro do valor que eu vendo as minhas. A maioria dos cuteleiros não ganha o suficiente para poder comprar "mimos" desse tipo para si, e depois de todos os anos de estudo, dedicação e investimento, ainda têm que ouvir "choradeiras" de alguns clientes que sempre querem desconto, quando sabemos que se fossem eles que tivessem tido todo aquele trabalho, não venderiam a faca nem pelo dobro do preço... Acho que pechinchar é para feirante, ou para trabalhos ou mercadorias que se pode encontrar mais barato na próxima esquina, não para trabalhos especializados, que requerem uma vida inteira de dedicação, e muita arte!

    Grande abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querido Irmão Mukansa Sfreddo, como sempre uma colocação à altura de um dos melhores Mastermiths, como você o é. Achei necessário explicitar estas realidades, dissecar o custo de uma faca, pois como sempre discutimos e nossas agradáveis conversas, precisamos educar o mercado. As pessoas precisam entender que uma faca custom não nasce de uma máquina operada por um chinês e que cospe vários milhares à cada hora. Nosso trabalho é altamente técnico, refinado e leva décadas para nos tornarmos excelentes nesse ofício. Mais uma vez é para mim uma grande honra de tê-lo prestigiando meus artigos e registrando seus importantíssimos pontos de vista. Muito obrigado!

      Excluir
  13. Apesar de amar facas desde a infancia e de ter uma coleçao de umas cinquenta , nao vou dizer "porcarias , pois seria um demerito com quem as fez , so agora aos 65 anos fui ter o prazer de conhecer o universo custom . E o mais interessante e que me causa orgulho , e que analisando estes aproximadamente 50 cuteleiros de expressao que vc cita , fui por exclusao selecionando os que por intuiçao seriam os que eu deveria seguir , sem qq base tecnica cheguei a vc e uns outros poucos como sfredo , jobim , ismael , franco , serapiao . Concluindo parabens Berardo pela clareza , lucidez e honestidade das colocacoes sem proselitismo . Semana que vem me inicio num curso com o Ismael , nao tenho a veleidade de ser um cuteleiro , mas um amante da arte ,que e como os considero. Um bj no coracao . Nunca ao longo da vida fiz amizades tao rapidas , sinceras e intuitivas com pessoas de difentes credos , atividades e opinioes .

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom meu Caro JB, ver que mais pessoas se apaixonam pelas lâminas, seus processos de confecção mágicos e pelas pessoas que tem esta mesma paixão. Muitos dizem que cutelaria é como uma Cachaça, no bom sentido claro! Que timão você elencou! Profissionais e pessoas de primeira grandeza. Conte sempre comigo para o que precisar JB! Um enorme abraço meu Irmão!

      Excluir
  14. Sempre tive admiração por lâminas e lembro-me dos meus 5/6 anos quando minha mãe fazia facas de madeira pra eu brincar de tarzan. Na época, um garoto de 7/8 anos portar um canivete não era crime, mas era um sinal de que o pai estava dando um voto de confiança pro filho e garantindo a este que tivesse um meio de descascar suas próprias frutas, apontar seus lápis ou cortar algum barbante de embrulho com um pouco de independência. Meu avô não deixava-nos sair para o mato do sítio sem um canivete no bolso e meus tios faziam questão de ensinar-nos a mantê-los limpos e afiados. Que pena que hoje tudo isso é visto como um atentado a humanidade, essa mesma humanidade que só sobreviveu por causa dessa maravilhosa ferramenta agora é quase que criminalizada. O crime é uma característica inerente ao ser humano e não à ferramenta.
    Ver a comunidade de artesãos cuteleiros crescer e especializar-se ao nível de um Eduardo Berardo é muito mais que uma satisfação, mas um brinde de encher os olhos e o coração dos verdadeiros patriotas fazendo-nos acreditar que nem tudo está perdido nestas terras tupiniquins.
    Tenho muita admiração pelas suas obras e respeito seu profissionalismo. Quem dera existissem mil Berardos pra elevar de vês o padrão da cutelaria nacional (refiro-me não só à artezanal, mas a comercial também) pois seu talento, capacidade e dedicação está muito acima da grande maioria.
    Ah! Também não perdia Daniel Boone e seu fiel escudeiro Mingo nas quartas à tarde e a TV abria a sua programação às 16:00 hs e encerrava às 24:00hs sem delongas.

    ResponderExcluir
  15. Tenho uma faca com um brasão Lagash.
    não encontro nenhuma referência de origem dela.
    Alguém pode me ajudar?

    ResponderExcluir